Cores, colagens, sons...emoção
Em algumas poucas vezes que postei em cinza era pra definir meu humor, era pra dizer que as coisas não estavam be, que eu me sentia como o cinza, como cor indefinida e cheio de interpretações, é um preto com luz ou um branco sem luz. Mas a verdade é que escolhi o cinza por conta de uma frase me perseguindo: "Under seven different shades of grey...", de uma música chamada Days of Wonder. Quando finalmente achei uma coisa verdadeira a ser escrita eu meio que adiei, deixei pra depois e agora vejo que a nuance do cinza já não é mais a mesma. Não estou triste, alias, de certa forma as vezes penso e quase sinto saudades de sentir alguma tristezinha, querendo ou não, sentimentos nso fazem nos sentirmos vivos. Estava eu, um belo dia dessa semana colocando minha cabeça pra funcionar pra não ter um mal de Alzeimer prematuro, daí me veio uma constatação, eu esqueci de lembrar de um dia triste. Um aniversário de uma coisa que num passado finalmente acalmado me fez muito mal. Hoje consigo ver os erros dessa epóca, consigo ver que estava errado em me prender a sentimentos que por pura vontade própria me deixariam ligado a datas, fatos e rancores. Me questionei sobre o por que de não ter lembrado essa data que me jurei nunca esquecer, cheguei a constatações óbvias e simples, simplesmente óbivas e obviamente simples. É claro que o desejo de não lembrar influiu, foi uma força incrivel manter balança que pesasse mais pra um lado que pra outro, mas a verdade é que de certa forma eu acabei abdicando de uma lasca enorme de vida pra poder ter alguma forma normal e benéfica de vida. Precisava demais sair dos ciclos viciosos de amargura pelo que já tinha ocorrido e que nem eu, talvez nem ninguém, nem nenhum médico, nem nenhum milagreiro poderia dar jeito. Vida é isso, um pedacinho de tempo que quando brilha demais acaba perdendo a luz muito rapidamente e deixa na memória o desejo de querer ver aquela luz das pessoas de volta. O motivo pra não ter me lembrado da data triste foi uma nova data, uma data feliz, pois os dias smepre existem de novo, em um ano acontece um coisa, em um mês outro e existe smepre um período de tempo separando um ontem de um hoje. Foi uma memória feliz que foi colada no lugar daquela que não fazia tão bem. Memórias são feitas disso, de cores, com suas nuances de cinza e quase sempre sua palheta multicolorida de sensações. Mas a gente muda nossa memória, a gente enche elas de colagens, a gente faz um dia triste virar um ano feliz depois de um tempo, a gente faz o dia do X virar o dia do Y do mês seguinte, a gente cola uma coisa em cima da outra, vejo isso pelo meu aniversário, que a cada ano me dá novas memórias a serem coladas por cima das que já não tem tanto brilho. Memória é som, diria mais, é som, imagem, sentimento, tato, aposto que se fechar o olho consigo me lembrar como é a textura de cada pele que toquei, ou como é a verdade de cada olho que vi, cada sorriso que admirei. Memória é emoção, e isso é a maior verdade, memória é a coisa mais emocional que o cérebro pode nos dar, se me esforçar bastante me lembro de como foi tirar um nota ruim, como foi me sentir humilhado, como foi amar alguém do passado, como é amar alguém toda vez que essa pessoa volta do passado, como é sentir a maior vergonha de todas e o maior amor do mundo. Memória, esse emaranhado de coisas que me dá palavras que sustentam minhas crenças e esse texto.