Três Casas
Cheguei em casa, não na minha fixa, mas vale como tal...Santa Emily dos escritores sem Internet. Cheguei do cinema, comi chocolate, fui ao cinema, me diverti, tantas coisas pra escrever. Tudo pra escrever, uma semana como tantas outras, intensa como todas as horas desses dias de fevereiro, alias desde o fim de janeiro as coisas são assim, mas não quero falar sobre meus problemas, não quero falar de todas as vezes em que quase chorei, das vezes em que senti o corpo caindo, das vezes em que perdi o sono, das vezes em que fiquei acordado vendo a noite, das vezes em que muitas vezes eu não quis ver e ser aquilo, não dessa vez, dessa vez nada de tristeza. Poderia também falar das coisas boas, falar sobre como a água do trigésimo andar me rendeu uma conversa com um novo amigo, poderia falar de como é perceber o quanto uma pessoa é especial no momento em que você passa um tempo com ela, falar sobre a despedida ao estagiário Rafael ou falar das músicas bonitas que saem do violão mais emocionado que eu conheço, mas também não tenho esse propósito. Tudo isso é sim, muito importante, isso é minha vida, isso é o resultado do que pratico e experiências de base pra quem eu sou e quem eu quero ser, mas isso tudo se resume em altos e baixos, todo mundo tem disso e não acho que seria justo fazer desse post mais um texto sobre um problema que por tempo indeterminado ficará mal resolvido, acho que tenho que mudar um pouco a faixa, vou deixar isso pra segunda. Queria poder falar sobre como foi bom tomar um banho de chuva na quinta, dançar com a água no rosto, sorrir por algo tão divino e maravilhoso, queria falar que repeti a dose na sexta e dessa vez com companhia, ainda bem, a canção, estava ao meu lado, nos meus ouvidos pra fazer o tom certo ao lado da água escorrendo no meu rosto, mas banhos de chuva são coisas pra serem vividas, sentidas, lava a alma...Mas então sobre o que falar? Na verdade isso tudo é uma grande ilusão, desde o início eu já sabia qual seria o tema desse post, já deve ter uns três meses que espero anciosamente por esse post que já sai concebido por completo, com nome definido a tempos atrás. Três casas, uma homenagem a essa forma branda e serena de terapia, uma visão retilínea sobre a boa ação (Meu Mitzva) que isso me gerá, uma conversa sincera a alguém inanimado, a essa forma de comunicação escrita, a esse canal multicolorido e desforme de expressão emocional, três casas, unidade, dezena e centena, meu centésimo post. Poderia falar sobre qualquer coisa que me aconteceu, poderia usar qualquer ponto da minha visão única de cada fato, mas não acho que seria justo ter um post tão importante tomado por algo que pode se tornar irrelevante em algum tempo. Quero dizer que nesses dias onde me tem feito bem ver meus motivos de orgulho, onde é importante exercitar essa minha descoberta de uma auto-estima até então não existente, onde eu preciso me ver digno de algum esforço e onde eu começo a ter consciência de quem eu sou pro mundo, eu posso fazer algo de bom pra essa ferramenta que só me faz bem. Meu blog está comigo já faz um ano e meio e depois de cem posts posso dizer que posso trata-lo na terceira pessoa, parece que criou uma vida própria, uma identidade que independe do produto que eu quero tentar ser, meu blog é a visão mais visceral e sanguinea de minha existência. Me descobri sobre vários angulos, me refiz de tantas maneiras, me reinventei sempre que foi preciso, e em cada momento eu estava aqui, escrevendo. Não tenho a intenção de dizer o que andei fazendo durante esse pedaço da minha jornada, não fazer flashback nem tentar resumir o que vivi em algumas linhas, cada post tem seu peso, sua história e sua cor, que em muitas vezes reflete também algum aspecto do meu humor. Queria dizer que essa é minha maior terapia, que não existe nenhuma análise externa melhor que essa, que não sinto que em nenhuma parte dessa minha coisa eu poderei ser mais sincero que aqui, nesse lugar deposito minha confiança, esperança e verdade, nesse meu blog. Ele pode ter um template manjado, pode ter frases clichês que não me pertencem, mas quem disse que é preico viver sozinho ou quem disse que somos resultaods individuais de alguma experiência social? Sim, salve a socialização de pensamento. Mas também, quem disse que eu preciso de comentários pra fazer essa máquina se movimentar? Sei que tem gente que lê e não comenta e nessa semana descobri que tem gente que comenta anonimamente, mas nada disso é maior que minha presença, eu sou meu maior crítico, releio cada post após ser escrito, mas não os condeno nem muito menos me condeno, até aqui, cada post teve seu momento e é disso que eu vivo, de momentos, quando estava triste escrevia, quando estava alegre escrevia e nunca me passou nenhum pensamento na cabeça nesse últimos dezoito meses sem ser considerado um possível tema pra um post, mas não sou eu quem decide isso, são eles, os temas se mostram prontos pra mim, com título e tudo, eu só ponho minhas mãos nas teclas e minha cabeça faz todo o resto. Descobri uma vontade muito grande de escrever aqui e sinto que os meus melhores textos sempre vem quando penso que eles poderiam vir a viver no campo de centeio. Esse é um dos meus orgulhos, acho que ele na verdade resume todos os meus orgulhos, pois aqui posso falar do meu jeito sobre meus amigos, sobre meu dia, sobre a rotina, sobre um armário que muda de lugar, sobre o que não conheci ainda, sobre o que nem sei se vou viver, sobre vida e tudo o que constitui ela, seja minha ou não. Isso é o que eu tenho de melhor a oferecer e isso é tudo o que tenho a oferecer...
2 Comments:
Parabéns!!!!
100 posts...100 lindos textos...100 vezes lidos por mim...100 comentários...
Continue expressando suas idéias aqui e não se importe se ninguém vai ler...ou se vão comentar anonimamente(rsrsrsrsrsrs fui eu!)...apenas escreva,deixe sua cabeça guiar seus dedos.Confie nela!!
Tô sempre por aqui...lendo...comentando ou não...mas aqui.
Tô com saudades!
Mil bjins...Boa semana!
" Dias melhores pra sempre..."
10:55 AM
???????????????? Î
11:18 AM
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