Jogos de intimidade (pre e ção)
Até onde se pode dizer que se conhece bem alguém? O que de fato significa conhecer alguém? Conhecer bem é conhecer de verdade? Meio difícil de ser respondido, ainda mais por mim. Estava pensando sobre como é bom conhecer alguém de verdade, conhecer as vontades, desejos, birras, raivas, saber olhar no rosto e ver o que está acontecendo, reconhecer um sorriso verdadeiro, distingir o olhar triste de um olhar de cansaço, descobrir a cada dia a peça de um quebra cabeça que nunca acaba, sim é impossível conhecer alguém por completo, é como se a cada hora em que estivesse quase completando o enigma te chegasse uma nova pista e um novo mistério, conhecer alguém por completo e de verdade seria aorável, mas técnicamente impossível. Mas é claro que nem só disso se faz essa rotina, conhecer alguém também nos envolve, envolve nossas premissas, nossos conceitos, nossas visões e opiniões que acabam misturando quem a pessoa é com que a pessoa nós achamos que ela seja. E aí tudo fica indefinido, é como se a verdade dela se misturasse com a nossa e no final só existisse uma mistura uniforme dessas concepções, somos dois contra a parede e tudo tem três lados. Intimidade é um jogo perigoso a partir desse ponto, é como se existisse uma pessoa diferente pra cada um que enxerga ela, é como se esse que escreve fosse um holograma da imagem de quem lê esse post agora, é como se o eu na frente da tela perdesse espaço pro ele de quem lê e imagina esse momento aqui. Mas será que é tão arriscado brincar com intimidade? Mas afinal de contas, o que vem a ser intimidade? Intimidade pra mim não tem a ver com segredos ou tabus, não tem a ver com saber segredos ou coisas desse tipo, isso tem a ver com um tipo de grandeza fraternal, mas não com intimidade, quem é intimo pra mim é quem sabe da minha rotina, quem sabe dosmeus valores, quem sabe o que prezo nas outras pessoas, quem se dá ao trabalho de estar me entendendo e aí que devo focar minha visão, tentar entender. As vezes algumas coisas acontecem e a gente acaba não deixando ela ter seu devido espaço por conta do tempo que já temos de convivência ou a intimidade que temos, é como se a partir de certo ponto você acabasse tendo todas as respostas pra todas as perguntas, é como se fosse uma perde de tempo tentar entender pois conhecendo a essência só precisamos adequar nossa visão a tal situação, mas isso não é tão verdade. É como se com o passar do tempo trocassemos a preocupação pelo preconceito, deixamos te tentar entender, tentar saber alguma coisa sobre situações específicas e passassemos a não nos preocuparmos em ver cada cosia como um elemento separado, é como se fosse mais fácil achar que tal coisa aconteceu por motivo X do que tentar uma conversa pra saber o que aconteceu de verdade. Uma outra troca que fazemos nessa brincadeira de ser íntimo é trocar a informação pela dedução, mais uma vez deixamos de lados os fatos e nos prendemos a atos gerais, nunca tentando saber o que houve no geral, sempre preenchendo as lacunas que faltam com o nosso pseudo conhecimento. Nem tudo é como a gente quer, as vezes algumas coisas acontecem. Quer saber por que eu dou tanta atenção? Quer saber por que não fui no médico? Quer saber o por ue mil novecentos e eu não rio como antes é importante? Quer saber alguma coisa de mim? Parece que pra cada pessoa que eu conheço existe uma pergunta com essa finalidade e a resposta é sempre a mesma, não. Não, ninguém quer saber nada, por que é sempre mais fácil tentar deduzir os por ques do que conversar, é mais ágil, dinamico e passa aquela sensação de conhecimento absoluto, mas a verdade é que nem sempre eu sou o cara amigão, nem sempre eu sou um cara alto astral, nem sempre eu sou um idiota dependente de empurrões, todas essas característas daí podem ser aplicadas a mim, mas não só só isso, não faço só isso da vida, pra cada coisa uma explicação, pra cada pergunta uma resposta específica que nunca me neguei a dar, mas as vezes se privam de perguntar, ou de tentar entender. Tudo isso pode ser apicadoa mim, é claro que sou cheio dos preconceitos e concepções próprias, mas eu queria tentar mudar isso em mim, hoje acho ue consigo questionar bem mais as coisas e os por ques. Intimidade não é matemática, não tem regra geral, nem fórmula nem macete, é um cálculo eterno onde os dados smepre mudam e a falta de fórmula faz as coisas ficarem específicas sempre e gerais nunca. Intimidade é um jogo arriscado que ou a gente joga errado ou se priva de jogar, ou em algumas vezes faz de tudo, acerta, erra, passa a rodada, volta pro jogo e eu quero jogar, quero a cada ia ahar uma peça nova, jogar uma peça velha fora, tentar preencher a maior parte dessa quebra cabeça, tentar sair dos 10%, tentar chegar ao 20%, não regredir a 1%, tentar arranjar algum equilíbrio pra essa balança, viver e aprender a jogar, quebrar os preconceitos, descartar as deduções, só usar desse truues quando não tiver mais outra cartada. Game over? Vamos jogar de novo?